Resenhas

Os Mutantes - 31.01.2014 - SESC Belenzinho, São Paulo

Por Fabiano Cruz | Em 18/02/2014 - 20:59
Fonte: Alquimia Rock Club

Depois de ver Os Mutantes em apresentações especiais em edições do Festival Psicodália – inclusive uma marcando o retorno da banda às atividades em 2009 – precisava ver a lendária banda comandada pelo Sérgio Dias em um show mais íntimo numa casa fechada, quando tive a oportunidade de ver no SESC Belenzinho a apresentação nomeada “Greatest Hits”. Não deve ter sido fácil para Sérgio fazer o set list, afinal são décadas de prestação ao Rock’ n’ Roll, mas a banda soube mesclar clássicos absolutos com novas canções de Fool Metal Jack, o mais recente trabalho infelizmente ainda não lançado no Brasil por questões burocráticas de venda de discos e gravadoras, algo que foi muito bem explicado por Sérgio no show.


Pontualmente a banda sobe no palco do SESC Belenzinho abrindo com Technicolor, Bat Macumba e Jardim Elétrico, composições que já integram a playlist de grandes canções brasileiras, levantando o astral do público, que já era grande antes mesmo da apresentação começar. A banda vem com mudanças na formação, talvez já conhecida por alguns fãs que acompanham mais de perto, sendo a formação atual ao lado de Sérgio Dias a bela vocalista Esmeria Bulgari, Vinícius Junqueira no baixo e completando a “cozinha” o baterista Cláudio Tchernev, Henrique Peters nos teclados, e o guitarrista que vem acompanhando Sérgio desde 2008 Vítor Trida. Essa formação apresentou em alguns momentos leves desencontros, sendo que Sérgio nesses momentos discretamente com olhares botava a casa em ordem; mas nada que tenha prejudicado a performance como visto em Virginia e Minha Menina.


Cantor de Mambo, dedicada a Sérgio Mendes, abriu caminho para uma pausa nos clássicos e dar espaço para canções do novo trabalho: Fool Metal Jack, Picadilly Willy, Lock Out, Time And Space e To Make It Beautiful; particularmente, como ainda não as conhecia, me espantou em uma primeira audição essas músicas com suas sonoridades setentista carregada de belas melodias e harmonias misturada com um peso incomum, quase Heavy Metal, principalmente em Picadilly Willy. Apesar os pequenos erros no conjunto, a performance individual de cada um foi acima do comum; Esmeria roubou a cena nas vezes em que fazia a voz principal, Vítor é um exímio guitarrista e percebi uma evolução em sua voz se comparando com outras vezes em que o vi ao vivo. Sérgio Dias é um músico fora do comum, mesmo aparentemente cansado – o que me confirmaram depois que estava no dia com uma imensa dor de cabeça – é um líder nato em palco, com banda e público a toda hora em suas mãos, e com divertidas histórias, como antes de Beijo Muito Louco nos contando sobre a letra original, que foi engavetada e se perdeu devido a censura na época em que foi lançada.


Top Top
foi tocada com uma energia ímpar, seguida de Balada do Louco (lindamente cantada em uníssono com o público) e Ando Meio Desligado, terminando o set de uma maneira psicodélica, onde mesmo passado o auge da psicodelia e das inúmeras mudanças de formação da banda, ainda essas canções causam aquela “viagem” nos shows. Sem muita demora, a banda volta ao curto bis com Panis Et Circensis, hino eterno da Tropicália.


Foram quase duas horas de show, mesmo assim faltaram muitas músicas que fizeram a história da banda e de nosso Rock’ n’ Roll, quiçá até mesmo da cultura musical brasileira. Uma apresentação mágica, mostrando que Sérgio Dias e seus companheiros de banda ainda têm muita energia para manter o nome dos Mutantes na ativa. 




 



Fabiano Cruz

Músico formado em composição e arranjo, atualmente expande seus estudos musicais na UNIS em licenciatura. Possui DRT em Jornalismo e Produtor Cultural e trabalha na área de criação musical, com já fez trabalhos em produções artísticas, rádio e TV.




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