Carcass - 2013 - Surgical Steel
É possível depois de 17 anos e perder dois dos principais integrantes uma banda lançar um trabalho que faz jus a altura do nome que carrega? Sim é, e com Surgical Stell o Carcass comprova isso. Gravado como um trio, Bill Steer e Jeff Walker, ao lado do baterista Daniel Wilding, lançaram um petardo sonoro que trouxe o nome da banda novamente ao topo do Heavy Metal mais extremo.
Muito aguardado, a banda soltou o single Captive Bolt Pistol antes, inclusive tocando em shows de retorno da banda, já ganhou aprovação dos fãs, ávidos em suas esperas por um material no nível de Heartwork. E a espera foi compensada! O novo trabalho esbanja feeling, raça e, principalmente amor naquilo que faz... Com a banda tomando conta de todos os rumos (inclusive da – para alguns – bela capa) do trabalho, sem quase interferências de fora, Steer e Walker criaram 11 faixas carregadas da sonoridade Death/ Grind que o Carcass tanto influenciou inúmeras bandas nos últimos anos
Depois da intro 1985, a pedrada na cara começa com Thrasher’s Abattoir, curta e certeira. Daí pra frente, so pérolas onde em nenhum momento a banda cai de produção, deixando uma audição onde o ouvinte figa sem fôlego, com destaque para Cadaver Pouch Conveyor System, The Master Butcher's Apron (que riff sensacional!), The Granulating Dark Satanic Mills, e a – porque não – épica Mount of Execuiton fechando o trabalho. O disco além de resgatar o som que levou o Carcass ao patamar mais alto do Heavy Metal, ainda mostra arranjos aqui e acolá de inúmeras outras influências, como riffs calcados na NWOBHM e até mesmo de Rock’ n’ Roll mais clássico. Tudo captado pela mixagem mágica de Andy Sneap, que deixou o trabalho com som cristalino sem perder a agressividade natural das composições.
Steer mostrou ser um dos maiores guitarristas do estilo, literalmente um “riffmaster” com passagens que chegam a impressionar pela técnica. Walker continua criando linhas fantásticas no baixo, mas aqui impressionou pela qualidade e técnica apresentada nos vocais, suas variações e o trabalho com a melodia deram muita riqueza ao arranjo das músicas. O estreante Daniel Wilding não fez feio ao aclamado baterista original Ken Owen, impossibilitado de tocar depois de sofrer um AVC tempos atrás, segurando a bronca com firmeza sem sair das características da banda. E Michael Amott, que recusou voltar à ativa com o Carcass? Sinceramente, não fez a mínima falta... (lembrando que Ben Ash foi integrado como guitarrista após as gravações do Surgical Stell)
Um trabalho já considerado clássico, sendo um dos melhores lançamentos de 2013. Aliás, de contar os “discos de retorno” que tivemos em 2013, o Carcass dá uma aula de criatividade e força para certos senhores ingleses que também voltaram a gravar um disco de inéditas em 2013... Ha sim, ia me esquecendo... Tendem ouvir Unfit For Human Consumption sem dar "repeat" pelo menos umas três vezes... Eu não consegui!
Músico formado em composição e arranjo, atualmente expande seus estudos musicais na UNIS em licenciatura. Possui DRT em Jornalismo e Produtor Cultural e trabalha na área de criação musical, com já fez trabalhos em produções artísticas, rádio e TV.