Próximo de completar 30 anos de carreira o Sepultura, entra em mais uma turnê com motivos de sobra para comemorar, vejamos: a banda se apresentou nos mais diversos e importantes festivais pelo Mundo nos últimos anos, continuando firme e forte como o principal expoente do Heavy Metal brasileiro, acaba de lançar mais um álbum, The Mediator Between Head and Hands Must be the Heart, aclamado por fãs e critica especializada como um dos melhores lançamentos do ano, e de quebra ainda estão comemorando os 20 anos do lançamento do clássico álbum Chaos A.D. E nada melhor que mais um grande show para comemorar todos esses fatos tocando para a alegria dos fãs o álbum Chaos A.D na integra, a exemplo do que foi feito na trinca de shows realizados no Sesc Belenzinho nos dias 24, 24 e 26 de outubro, com ingressos esgotados em minutos.


A banda escolhida para fazer a abertura foi o Republica; os caras até que se esforçaram e em alguns momentos agitaram o publico presente mandando covers de Ace of Spades do Motorhead e Killing in the Name do Rage Against the Machine, mas apesar de todo o talento dos músicos, seu Heavy Rock de qualidade indiscutível pouco agradou aos fãs do Sepultura que estavam sedentos por metal.


Para quem acompanha a carreira do Sepultura, seja qual for a formação, sabe muito bem que a performance ao vivo da banda sempre esteve entre as melhores do mundo, mas esse show foi simplesmente histórico, até mesmo para quem acompanha a banda ao vivo com frequência nos últimos anos. Foram mais de incríveis duas horas de um show no mínimo intenso, a começar pelo inicio avassalador com as novas Trauma of War e The Vatican, com sua introdução de dar calafrios, sendo as duas primeiras faixas do mais novo álbum, The Mediator Between Head and Hands Must be the Heart, ambas já conhecidas pelo publico. Com uma plateia ensandecida, dão sequencia com a cadenciada Kairos do penúltimo álbum e mais duas do novo trabalho, Impending Doom e Manipulation of Tragedy, incrivelmente brutais! Em seguida Derrick Green simplesmente grita: Casagrande! É a chamada para a paulada do álbum Dante XXI (2006) Convicted in Life. O jovem Eloy Casagrande, diga-se de passagem, não sente nenhum pouco o peso de tocar no posto que um dia foi ocupado por Igor Cavalera, um dos melhores e mais respeitados bateristas do Mundo. Apesar de até esse momento do show a banda ter executado apenas musicas mais recentes (todas da fase Derrick) a reação dos fãs era impressionante, o que prova que a banda não esta ai para viver de passado; e essa reação dos fãs se deu também ao ambiente mais acanhado proporcionado pelo Carioca Club, se comparado com casas de show maiores onde costumavam se apresentar como o saudoso Olímpia e Via Funchal por exemplo. Dusted do álbum Roots (1996) foi a primeira clássica dos anos 90 da noite, nem preciso falar que foi acompanhada de muitas rodas. Na seqüência uma trinca do Mediator, (como vem sendo chamado o novo álbum) The Bliss of Ignorants, The Age of the Atheist e Da Lama ao Caos (Chico Science & Nação Zumbi cover), essa com Andreas Kisser nos vocais. Até ai já haviam tocado 7 das 10 faixas do novo trabalho, o que já dava pista que teríamos um set mais longo que o normal. Em seguida, para a alegria dos mais velhos, Derrick anuncia uma das antigas, era hora da clássica Inner Self, seguida da não menos clássica Arise, para muitos a melhor musica da carreira do Sepultura.


Após uma primeira parte de show arrasador, a banda faz uma pequena pausa, enquanto isso no telão eram exibidas cenas do making off da gravação do Mediator com o produtor Ross Robinson e também cenas da presença ilustre de ninguém menos que Dave Lombardo (ex-Slayer) dando sua contribuição no álbum. Após essa breve pausa era chegada a hora mais aguardada da noite. Não é sempre que podemos ouvir ao vivo e na integra um álbum tão marcante para o Thrash Metal como o Chaos A.D. (1993). Sendo assim sem dó nem piedade clássicos como Propaganda, Slave New World, Amen, The Hunt (New Model Army cover) e Nomad com uma performance mais que digna, principalmente se levarmos em conta as mudanças na formação ao longo dos anos. Derrick Green interpretou muito bem todas as canções, alias, as musicas do Chaos A.D. são as que mais se encaixaram ao estilo dele, isso se deve obviamente pelo fato do cara ter todo um passado Hardccore. Manifest e We Who Are Not as Others deram sequencia a destruição sonora, o álbum não foi tocado exatamente na mesma sequencia, mas isso não foi problema. Kaiowas deu uma breve acalmada no ambiente antes de mais porradas como Clenched Fist e os covers lançados na época; Polícia (Titãs) e Crucificados Pelo Sistema (Ratos de Porão), ambas com Andreas nos vocais, ingredientes perfeitos para enormes rodas na pista. Vale destacar mais uma vez a performance da banda, além dos já citados Derrick Green e Eloy Casagrande, pode-se conferir o baixo de Paulo Jr. soar de forma nítida e forte, e o que dizer de Andreas Kisser? Simplesmente “comendo a guitarra com farinha” como sempre. O som também beirava a perfeição e segundo palavras do próprio Derrick: “Esse show esta sendo gravado, o mundo precisa ver isso”. Sem muito papo mandam Biotech is Godzilla, Territory e Refuse/Resist, encarregada de encerrar a execução do Chaos A.D. Com seu jeitão engraçado de falar por conta do soquete norte americano, Derrick anuncia; “Temos mais uma musica pra vocês”, Como sempre pra encerrar, Roots Bloody Roots, matando quem ainda estava vivo. 

Sem exagero nenhum, esse sem duvidas foi um dos melhores shows da carreira da banda, souberam mesclar bem as musicas novas com as antigas; coube perfeitamente uma frase muitas vezes dita por Andreas Kisser; “Viver o presente, mas respeitando o passado”.  Para os fãs que ainda preferem apenas viver do passado da banda, esse show pode ser considerado a ultima pá de cal. O Sepultura tem alguns shows marcados no Brasil em 2013, e confirmando o ótimo momento já tem uma turnê marcada para fevereiro de 2014 pela Europa contando com Legion of the Damned, Flotsam and Jetsam e Mortillery como bandas de apoio. A tour se inicia no dia 7 de fevereiro e vai até o dia 9 de março, passando por 12 países.


Set-list
Trauma of War
The Vatican
Kairos
Impending Doom
Manipulation of Tragedy
Convicted in Life
Dusted
The Bliss of Ignorants
The Age of the Atheist
Da Lama ao Caos (Chico Science & Nação Zumbi cover)
Inner Self
Arise
Propaganda
Slave New World
Amen
The Hunt (New Model Army cover)
Nomad
Manifest
We Who Are Not as Others
Kaiowas
Clenched Fist
Polícia (Titãs cover)
Crucificados Pelo Sistema (Ratos de Porão cover)
Biotech Is Godzilla
Territory
Refuse/Resist
Roots Bloody Roots

André BG

Atual Editor Chefe

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