Resenhas

Angra - 02.07.2022 - Tokio Marine Hall, São Paulo, SP

Por André BG | Em 08/07/2022 - 01:01
Fonte: Alquimia Rock Club

Fotos: Carlos Pupo (@pupo13_photo) / Headbangers News (@headbangersnews_br)

 

No final dos anos 90 e começo dos anos 2000, o Angra era considerado um dos principais nomes do Heavy Metal brasileiro, o grupo vivia um momento de muito prestigio internacional como um dos maiores expoentes do chamado Metal melódico no mundo afora, quando no ano de 2000 passou por um verdadeiro racha em sua formação, com a saída de mais de metade da sua formação, quando Andre Matos (vocal e teclado), Ricardo Confessori (bateria) e Luis Mariutti (baixo) deixaram a banda após uma sequência de 4 álbuns muito bem sucedidos, cabendo a dupla de guitarristas Rafael Bittencourt e Kiko Loureiro contrariarem todas as lógicas (uma delas seria o triste fim da banda) para  então reformularem a formação e dar sequência na carreira do grupo. 

 

Pouco mais de um ano após o baque o time já estava reformulado com a entrada de Edu Falaschi da banda Symbols nos vocais, Felipe Andreoli do Karma no baixo e Aquiles Priester do Hangar na bateria, lançando seu mais novo e aguardado álbum de estúdio, Rebirth, em novembro de 2001. O trabalho representa um verdadeiro marco na carreira da banda, sendo aclamado pelo público e imprensa mundo afora, superando todas as expectativas e mostrando a grande capacidade do grupo em superar mudanças em sua formação, o que se tornaria uma marca registrada do Angra nos anos seguintes.

 

Passadas duas décadas de seu lançamento, Rebirth é lembrado com muito carinho pelos fãs da banda e é sem sombra de dúvidas um verdadeiro clássico do Heavy Metal melódico, e esse marco obviamente não poderia passar em branco e recebe agora uma mais que justa turnê para comemorar seus vinte anos de lançamento, novamente tendo uma formação diferente, agroa com Rafael Bittencourt (guitarra e vocal) e Felipe Andreoli (baixo) como únicos membros da formação que gravou o álbum, agora acompanhados do italiano Fabio Lione (Vision Divine e Rhapsody of Fire, ex-Labyrinth e Athena, vocal), Marcelo Barbosa (ex-Almah, guitarra) e Bruno Valverde (bateria), além de Dio Lima (teclado) e Guga Machado (percussão) como músicos de apoio ao vivo. 

 

Já tendo passado pelas cidades de Juiz de Fora/MG, Belo Horizonte/MG, Vila Velha/ES, Florianópolis/SC, Porto Alegre/RS, Curitiba/PR, Rio de Janeiro/RJ, a “Rebirth 20th anniversary tour” retornou a capital paulista 13 dias após show realizado no dia 19 de junho no Espaço Leste, se apresentando agora no último sábado no Tokio Marine Hall (antigo Tom Brasil) em um show sold out. 

 

A noite ainda teve como surpresa o show de abertura da banda Medjay, sim, só quem se dispôs a entrar cedo na casa teve a oportunidade de apreciar uma boa apresentação de uma banda eficiente tecnicamente que soube aproveitar a oportunidade de mostrar sua música para uma plateia já bem numerosa. Sendo assim, o sexteto formado por Phil Lima (vocal e guitarra), Freddy Daniels (guitarra), Samuka Vilaça (baixo), Riccardo Linassi (bateria), Rafael Agostino (teclado) e Marco Herrera (percussão) executou uma performance cirúrgica, um repertório curto de cerca de meia hora calcado em seu mais novo e segundo álbum “Cleopatra VII”, para o deleite do público que abraçou o Heavy Metal com temática egípcia executado pelo grupo. 

 

 

Set list: 

 

Stargate (intro)

1- Shemagh in Blood

2- Sarcophagus 

3- Cleopatra VII 

4- Sandstorm 

5- Return of the Medjay 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Após cerca de meia hora de intervalo tudo já estava pronto para a grande celebração da noite, ao som de Tom Sawyer do Hush e com um grande backdrop com a arte da capa do álbum Rebirth que cobria completamente a frente do palco, o público que lotou a casa por completo já cantava “Olê, olê, olê, olá, Angra, Angra!” para na sequência a introdução “Crossing” levar a casa abaixo antecedendo a clássica “Nothing to Say” do álbum Holy Land de 1996, essa por sua vez seguida  de “Black Widow's Web” do mais recente álbum Ømni de 2018, com Rafael Bittencourt dividindo os vocais Fabio Lione. O show estava apenas começando, mas a banda já tinha o público nas mãos para tranquilamente conduzir a festa com a execução do álbum Rebirth na íntegra. Na introdução “In Excelsis” que antecede a clássica (sim, essa palavra será usada sem moderação) “Nova Era” já era possível notar a expressão de emoção no rosto de muitos fãs, alguns derramando lagrimas para expressar esse sentimento, algo que obviamente não passou despercebido pelo astuto e sempre simpático Lione, que em dado momento do show notou uma fã em especifico que chorava nas primeiras fileiras.

 

Apesar da previsibilidade no repertorio por razões obvias, o que se viu na sequencia foi um verdadeiro desfile de grandes canções que funcionam muito bem ao vivo até hoje, como a trinca “Millennium Sun”, “Acid Rain” e “Heroes of Sand”, que continuam a contagiar os fãs como sempre. Sim, é uma formação bem diferente da que gravou o álbum, obviamente que cada músico dá seu toque particular nas músicas, mas o show seguiu tecnicamente seguro como de costume em se tratando do Angra, com exceção de pequenos detalhes como uma breve falha no microfone de Lione em “Unholy Wars”, que em contrapartida foi instrumentalmente turbinada pelo arranjo de percussão de Guga Machado, esse muito aplaudido após ser apresentado por Fabio ao final da canção. O clima de celebração seguiu, conduzido por uma performance com o selo Angra de qualidade, mas alguns momentos certamente merecem ser destacados; a execução do hit “Rebirth” certamente foi um desses, seguido de um breve discurso de Rafael Bittencourt que falou da importância do álbum para a história da banda e principalmente da volta dos shows após o isolamento social causado pela pandemia, aproveitando também para chamar ao palco a pianista brasileira Juliana D'Agostini, a convidada simplesmente deu um toque mais que especial na trinca que fechou a execução do álbum celebrado; “Judgement Day”, “Running Alone” e “Visions Prelude”, nessa última Lione deu seu show a parte em uma interpretação simplesmente emocionante.

 

Se a despedida acontecesse nesse momento, a plateia certamente não reclamaria, mas o Angra é acostumada a sempre entregar um algo a mais para seu público, fato esse mais uma vez confirmado com uma interessante mescla de músicas de todos os álbuns para o deleite dos fãs;  “Metal Icarus” e “Bleeding Heart” fizeram um ótimo contraste com o restante do repertório, antes dessa última, Lione, atencioso como sempre, observou que a mesma fã citanda anteriormente já não chorava mais, essa atenção para com o fã sempre foi um aspecto muito marcante e positivo na performance do grupo. 

 

Embora já citado anteriormente que o show poderia ter se encerrado após a execução por completo do disco Rebirth sem que isso fosse um problema, as mais de duas horas de apresentação passaram voando, e se tivessem tocado por mais uma hora o tempo passaria igualmente rápido, tamanha a conexão entre banda e público, mas a introdução “Unfinished Allegro” anunciou a clássica “Carry On” que encerrou o show em grande estilo. Já ao som mecânico de “Infinite Nothing” a banda se despediu do público que aos poucos foi deixando as dependências da casa com aquela sensação de que tudo foi completo dentro das circunstâncias, o que de fato aconteceu, nada menos que o esperado se tratando de uma grande banda como Angra.   

 

 

Set List:

 

1- Crossing (intro)/Nothing to Say 

2- Black Widow's Web 

3- In Excelsis (intro)/Nova Era

4- Millennium Sun

5- Acid Rain

6- Heroes of Sand

7- Unholy Wars

8- Rebirth

9- Judgement Day 

10- Running Alone

11- Visions Prelude 

12- The Course of Nature 

13- Metal Icarus 

14- The Shadow Hunter 

15- The Rage of the Waters 

16- Bleeding Heart 

17- Upper Levels 

Encore:

18- Unfinished Allegro (intro)/Carry On 

ØMNI - Infinite Nothing 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Nota do redator:

 

A turnê do álbum Rebirth foi encerrada no sábado do dia 21 de dezembro de 2002, data essa guardada com muito carinho por esse que vos escreve, pois foi nessa ocasião (na véspera do meu aniversário de 15 anos) que tive a oportunidade de ver o Angra ao vivo pela primeira vez em minha vida após ser sorteado por uma rádio com um ingresso para esse show (pasmem, nessa época ligávamos para a rádio para pedir uma música e concorrer a algum brinde!), o qual guardo com muito carinho até hoje (vide foto abaixo), sendo esse também o primeiro grande show de Heavy Metal que pude conferir. Era uma fase incrível para a banda que colhia os frutos após a turnê de divulgação bem-sucedida de um álbum que superou todas as expectativas, nem preciso dizer que virei fã né? 

 

Foto: André Alves BG (@andrealvesbg)

 



André BG



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