Andralls - 2019 - Bleeding For Thrash
O Andralls passou por sete difíceis anos entre Breakneck (2012) e Bleeding For Thrash (2019), teve a saída do baixista Eddie C., a morte do amigo, produtor e ex-membro da banda Fabiano Penna, o vocalista Alex Coelho passou por um câncer de tireoide, o que interrompeu as gravações, mas ele se recuperou e agora podemos ter em mãos essa “bolacha“ de respeito.
E não é surpresa pra quem conhece a trajetória da banda que já esta na estrada há 20 anos e que mesmo tendo tocado com grandes nomes do cenário nacional e internacional ainda empunham a bandeira do underground com a mesma garra, energia e vitalidade aqui em Bleeding For Thrash. Esses garotos dos meados dos anos noventa já sangravam pelo Thrash Metal e o que os diferenciam hoje é que juntam a todas essas qualidades a algo que só o tempo e a vivencia pode forjar, que é a experiência, nesse álbum podemos ouvir todos os Andralls em um, e o tempo que esse álbum demorou pra ser feito deve ter contribuído para esse aspecto, a primeira musica “We Are The Only Ones”, em minha opinião é um clássico imediato da banda e tem tudo para se tornar um clássico do Metal nacional e ganhar o Mundo, ela começa cadenciada com uma levada de bateria meio tribal, um riff de guitarra marcante e bem timbrada, e a minha curiosidade sobre como estariam os vocais do Alex termina no primeiro refrão e é substituída por uma expressão que eu sou muito criterioso pra usar e não gasto com qualquer coisa: Puta que Pariu!!! E a canção desenrola, e minha primeira impressão é de que eles fizeram no mínimo seu hino. O próximo som “Andralls On Fire Part III” segue a tradição do Andralls de cantar sobre o incêndio do edifício que pegou fogo em 1972 e que inspirou o nome da banda, e aqui eles caem pra pancadaria logo de cara, direta, todos eles com o “agressivometro“ regulado no máximo e esse som vai garantir a roda nos shows.
Minha mãe assistiu de perto os incêndios do Joelma e do Andralls em São Paulo e nesse instante ela perguntou aqui o que eu estava fazendo e eu disse que estava resenhando um CD e quando eu disse o nome da banda ela disse: “eu vi o Andralls pegar fogo, eu estava lá“ e de pronto respondi: “eu estou vendo o Andralls botando fogo faz 20 anos, e agora fudeu, não vai sobrar mais nada“. A pancadaria continua com “64 Bullets”, mais uma música rápida, com a consistência das anteriores e aqui já posso dizer que matei outra curiosidade, o baixista Felipe Freitas caiu como uma luva no baixo e nos backing vocals. “Bleeding For Thrash” com o seu começo bem trampado e no break já demonstram que o álbum até aqui segura a régua lá em cima, ela acaba indo pro Fasthrash competente de sempre e o Alex quebra tudo que tem pela frente com um vocal pra lá de agressivo, é o Andralls sendo Andralls e essa pegada segue firme e forte em “Legion” que tem um refrão bem marcante e é uma referencia direta ao Rebaellium e ao saudoso Fabiano Penna.
A essa altura já da pra ter certeza de que valeu apena esperar tanto tempo, “Noiséthrash” é uma grata surpresa, praticamente uma vinheta com uma influencia meio que industrial, aqui o batera Alexandre Britto recitando “da o papo reto” e o recado esta dado: - Nóis é thrash caralho! Dessa vez o Andralls pensou em tudo, depois de pegar um ar, vem mais uma porrada na cara. “After The Apocalipse” traz de volta a pancadaria habitual e é uma outra referencia bem explicita ao Death Metal “old school”, uma das mais pesadas do álbum, o pau come do inicio ao fim. Já “Imminent Cancer” fala sobre superação e é bem Hardcore, direta e gritada, foi escrita pelo Alexandre Brito assim que soube do câncer do Alex, é um recado e tanto.
“Acid Rain” é o primeiro cover que o Andralls grava e ao homenagear a banda Subtera imprime seu estilo ao som acertando em cheio. “On Fire” tem cravados dois minutos e um começo que me remeteu a um Thrash Metal com influencias “old school“ europeias, mais especificamente alemãs, vai dobrando o ritmo do instrumental o termômetro sobe e acaba no auge, música sem gordura, direta, Fasthrash!!! “27.02.2018” é outra referência ao Fabiano Penna, uma música instrumental, som limpo, bem tocado, com muito sentimento, uma justa homenagem e provavelmente esse seja o possível “minuto de silencio“ alcançável pela banda e a sua forma de tocar a saudade e a falta que ele faz.
Não poderia terminar sem dar o merecido destaque a belíssima arte da capa feita pelo Tatuador Edu Nascimentto e a excelente produção do álbum que foi Gravado no PapirisStudio em São Paulo ao lado do produtor Caio Monforte e masterizado no AbsoluteMaster por Neto Grous. Sem desmerecer e nem deixar de reconhecer a importância do nosso maior representante mundo a fora, o Metal extremo brasileiro nunca viveu e nem vive apenas do Sepultura, alguns grandes guerreiros (alguns não mais entre nós) ajudaram e continuam a sedimentar o alicerce desta construção sólida, e os " meninos rebeldes" da Vila Sacrifício em São Paulo, fazem parte dessa história, desta vez se recolheram e voltaram para o útero onde tudo começou pra resgatar e renascer com FÚRIA, nunca perderam a sua raiz, a humildade, a paixão e a garra, chegam em 2019 com as forças renovadas, trazendo as cicatrizes da guerra de 20 anos que o Andralls vem travando para cumprir a sua promessa de "Tocar Thrash Metal rápido e agressivo, do jeito que deve ser" e assim honra o Metal nacional. Me lembro de estar conversando com um grande amigo sobre um álbum do Slayer que estava pra sair e ele me disse assim: “não esquenta, o Slayer não decepciona“, e com o Andralls é assim também, eu já sabia.
Faixas:
1- We Are the Only Ones
2- Andralls on Fire Part III
3- 64 Bullets
4- Bleeding For Thrash
5- Legion
6- Noiséthrash
7 -After Apocalypse
8 -Imminent Cancer
9- Acid Rain – Fasthrash Version (Subtera cover)
10- On Fire
11- 27.02.18
Site relacionado: www.facebook.com/andrallsfasthrash
Contato para shows: onfirebookingagency@gmail.com
Instagram: @andrallsfasthrash
YouTube: Andralls Thrash
Membro Idealizador do Projeto, Produtor de Eventos e Produtor Cultural, atuando profissionalmente na área de eventos desde 1993, na produção técnica/artística com serviços prestados em praticamente todos os veículos de comunicação: teatro, televisão, eventos sociais e coorporativos, desfiles, portal web etc. Na Produção Cultural com atividades em organizações do terceiro setor atuou como Diretor de Eventos do I.A.C.E ( Instituto de Ação Cultural e Ecológica) desde o ano 2000 até 2010 com eco-eventos em parceria com o Grupo Pão de Açúcar, Uni Lever dentre outros e Produtor Cultural do Casa Brasil de Pirituba no ano de 2008, alem de toda a programação cultural do Alquimia Rock Bar em 2003 e 2004.