Acredito que o pioneirismo é uma das virtudes mais raras e louváveis do ser humano, isso acontece em muitos campos do conhecimento e das praticas humanas e neste caso especifico vamos falar de uma verdadeira lenda da musica pesada underground made in Brasil algumas bandas se misturam a historia da cena de que fazem parte principalmente as que fazem parte da concepção das mesmas e esse é o caso do Vulcano, devo dizer que o som mais extremo como Black Metal, Grindcore, Splatter e coisas do tipo não é uma das minhas preferencias pessoais, mas também não é algo que me desagrada e sim tenho algumas referencias ai apesar de não ser um “troo“ pude fazer essa resenha totalmente desencanado, não que eu quando faça tente agradar esse ou aquele, mas por não ser um adepto do lifestyle em questão, me entreguei a audição do álbum sem ideias pré-concebidas, fiz isso por umas duas semanas e foi inevitável voltar na maquina do tempo aos anos oitenta e chegar com a banda até 2018, e talvez por isso tenha sido tão prazeroso fazer essa resenha.

 

“Live III - From Headbangers To Headbangers” é um registro sincero e histórico e traz além dos clássicos da banda, mais músicas dos trabalhos mais recentes é essencial para aqueles que se interessam pela historia do gênero, audição recomendada tanto para novos ou velhos headbangers, sendo gravado em Americana/SP e lançado pela Heavy Metal Rock Records. A viagem no tempo já começa pela escolha da cidade que é no lugar onde gravaram o primeiro álbum ao vivo de Black Metal da América do Sul, o "Alive!" de 1985, e com esse lançamento a banda santista comemora aqui incríveis 35 anos de vida com muita força e atitude e guardando as devidas proporções e fazendo uma analogia a um movimento britânico que com certeza esta enraizado na historia da música, essa banda que faz parte da primeira onda do Black Metal mundial mostra toda a sua relevância tendo influenciado não somente bandas brasileiras, como também é comum ouvir citações de sua influencia em bandas do Black Metal Europeu.

 

São dois CDs com 23 canções de todos os seus períodos e mostram o poder de seu Death/Thrash/Black Metal e suas evoluções durante todo esse tempo, sim eles evoluíram sem mudar a sua essência, é inevitável a nostalgia ao ouvir clássicos como “Total Destruição”, “Guerreiros de Satã“, “Legiões Satânicas“, ”Witches Sabbath”, ”The Signals”, e não ser saudoso com um Black Metal nervoso e cantado em português que era típico do inicio dos anos 80 e não se excitar com a qualidade da gravação deste trabalho que deu um brilho a crueza original das mesmas, aqui da pra ouvir todos os instrumentos e não apenas aquela massa sonora confusa que era quase inevitável acontecer com álbuns ao vivo de bandas de Metal extremo nos anos 80, e quando não bem produzidos acontece ainda hoje. É inevitável a comparação com o primeiro “Alive“ de 1985 que foi gravado sem o menor tipo de mixagem com a seguinte formação: Zhema no baixo, Soto Junior na guitarra, Zé Flávio na guitarra base, Laudir Piloni na bateria e Angel nos vocais e inevitável também é a lembrança de tempos onde tudo cheirava novo, a vida das bandas undergrounds não era fácil, podem acreditar os que acham que sofrem hoje, as condições eram muito precárias mas a garra era enorme e as dificuldades não detiveram seus fundadores Zhema, Paulo Magrão e Carli Cooper e todos os guerreiros do Metal que vieram a compor todas as suas formações.

 

A paulada segue firme e forte e outros sons marcantes da banda que são executados com muita força, técnica e timbres matadores, passam por álbuns dos anos 2000 e também por canções de seu último álbum de estúdio como “Propaganda and Terror”, “Thunder Metal”, “I’m Back Again“. É notável a excelente comunicação do vocalista Luiz Carlos Louzada com seu publico que vai contextualizando as canções e a historia da banda, lá pras tantas é anunciada a execução do clássico álbum “Bloody Vengeance” na íntegra.

 

Eu sou um headbanger de 42 anos, e acredito que isso aconteceu comigo e vai acontecer com muitos outros na casa dos 40 e 50 anos, e não sendo um seguidor da banda como eu disse antes, nem um aficionado pelos Metais mais extremos quase fui ao orgasmo na introdução de “Total Destruição”, esse é com certeza um dos 5 sons mais marcantes da historia do Heavy Metal  nacional, um marco. Vejam vocês que há de ser ter um enorme respeito pela banda que em 2016, foi eleita pelo jornal A Tribuna de Santos, como a Maior Banda da História do Rock Santista, ficando a frente do Charlie Brown Jr. por 30 votos. Para chegar a essa conclusão, o jornal ouviu 50 pessoas, entre jornalistas, músicos, donos de casas de shows, críticos de música, fanzineiros, produtores, agitadores culturais, lojistas e políticos da cidade. 

 

Lá na baixada “Santo“ de casa faz milagre sim!!!  Aqui fazem o que sabem fazer de melhor, tocar ao vivo, um belo trabalho gráfico, uma embalagem a altura e que o underground brasileiro e mundial façam a devida reverencia e esse mito do Metal extremo que deixa aqui marcada a sua biografia musical.

 

Integrantes:

Luiz Carlos Louzada (vocal)

Zhema Rodero (guitarra)

Gerson Fajardo (guitarra)

Arthur Von Barbarian (bateria) 

Carlos Diaz (baixo) 

 

 

Faixas:

 

CD 1:

1- The Man, The Key, The Beast

2- Church at a Crossroad

3- Witches Sabbath 

4- The Signals 

5- The Evil Always Return

6- The Gates of Iron 

7- Propaganda And Terror

8- Thunder Metal 

9- I'm Back Again

10- Awash in Blood

11- The Tenth Writing 

12- Welcome to The Army

 

CD 2:

13- Red Death 

14- Total Destruição

15- Guerreiros de Satã

16- Legiões Satânicas 

17- Dominions of Death

18- Spirits of Evil

19- Ready to Explode

20- Holocaust 

21- Incubus

22- Death Metal

23- Bloody Vengeance

 

 

Links:

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