Resenhas

Copernicus - 1987 - Victim of the Sky (2012 remaster)

Por Fabiano Cruz | Em 07/07/2012 - 13:09
Fonte: Alquimia Rock Club

Copernicus pode ser considerado um dos mais viscerais e experimentais artistas que o mundo tem, infelizmente pouco (re)conhecido fora de New York, sua cidade natal. Um poeta performático tem na música seus pilares e energias para seus textos, uma música que mesmo sendo Rock, tem fortíssima influência de Jazz, Classico e Avat-garde, e seus discos sempre gravados ao vivo e com partes – tanto textual como musicalmente – muitas vezes criadas na hora são caminhos e sonoridades a serem exploradas, sempre com o ouvinte rumando ao desconhecido.


Victim of the Sky, seu segundo trabalho, é de 1987, mas é lançado em CD pela Moonjune Recods somente agora. Aqui, ao contrario do já resenhado pelo Alquimia Rock Club, Cipher And Dechiper, é um pouco mais contido nas experimentações, por ser começo de carreira e claramente ainda dominando os “tortuosos” e vanguardistas caminhos musicais e tendo uma sonoridade clara dos anos 80, porém é incrível ver como Copernicus já pensava e visualizava o Rock’ n’ Roll e a arte performática nessa década, onde tudo, principalmente o Rock Progressivo, diminuía em suas “loucuras musicais” para sonoridades mais retas e plastificadas...


Algumas canções como a Country The Wanderer e a Reggae Desparate seguem um pouco a linguagem musical da época, talvez por terem sido pré-escritas antes do show, mas as “jóias” estão justamente nas que Copernicus e banda experimentam e ousam. White From Black é soturna com eletrônicos bem ambientes; Not Him Again! É uma mistura de curtas explosões sonoras eletrônicas com um piano totalmente abstrato e uma bateria com bumbo duplo em seus princípios do Thrash Metal; a faixa título traz uma concepção musical que paira sobre o Jazz e o Garage Punk, com Copernicus vociferando letras criadas na hora; The Lament of Joe Apples em seus quase dez minutos é musicalmente uma ode ao minimalismo criado na hora da performance de Copernicus.


As letras calcadas na filosofia Beat nos mostra os pensamentos de Copernicus acerca de raças, planetas, gerações e afins, em letras que podem chocar um pouco os menos desavisados; a curta abertura com Lies! chega a ser um resumo de todo o trabalho (“to the desperate Who have no inner peace/ Me, i have no generation/ I have no time/ I have no race/ I have no species ... Now, what AM I gonna do with nothing?/ I AM free, I am free!!)


Mesmo somente cantando/declarando as letras, Copernicus comanda um “large emsemble” com maestria, com os músicos dominando e compreendendo muito bem seus pensamentos livres e de cores, timbres e tonalidades musicais, usando dos mais diversos caminhos de improvisos e instrumentos. Victim of the Sky é um excelente registro dessa complexa mente artística, agora mais fácil de adquirir com essa versão remasterizada em CD.
 



Fabiano Cruz

Músico formado em composição e arranjo, atualmente expande seus estudos musicais na UNIS em licenciatura. Possui DRT em Jornalismo e Produtor Cultural e trabalha na área de criação musical, com já fez trabalhos em produções artísticas, rádio e TV.




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