Resenhas

Whitesnake - 2011 - Forevermore

Por Fabiano Cruz | Em 23/03/2011 - 20:04
Fonte: Alquimia Rock Club

Quando o Coverdale retornou com o Whitesnake em 2008 com o disco Good To Be Bad, muitos fãs comemoraram, principalmente pela explosão que a parceria com o fenomenal guitarrista Doug Aldrich – particularmente para mim um dos guitarristas mais subestimados que existe. Mas o disco, mesmo bom, faltava “algo”, e todos que curtem um bom Hard Rock ficaram a espreita: “o que será do Whitesnake daqui pra frente agora?”. Pois bem... Os dois já citados junto com os músicos Reb Beach (guitarra), Michael Dewin (baixo) e Brian Ticky (bateria) voltaram com os dois pés no peito de todo mundo com esse Forevermore. Um disco arrasa-quarteirão que a tempos Coverdale não lançava!


Exagero? Não, nem um pouco. A banda está mais afiada que nunca. Coverdale e Aldrich criaram 13 músicas extremamente cativantes e resgatando muito do trabalho do Coverdale por anos, principalmente a aura “bluesy” dos primeiros discos da banda (isso lá pelos anos 70...). Com uma gravação bem atual, o disco fica um meio termo entre o passado e os dias de hoje, como comprovamos na energética faixa de abertura Steal Your Heart Away: cheio de grooves e riffs mortais com belos solos e uma performance de Coverdale incrível. E momentos de altíssimo nível são o que não falta: a pegada oitentista com Love Will Set You Free e seus belos solos de guitarra (essa ganhou um clipe que vocês podem ver abaixo); a pancadaria de My Evil Ways, uma das faixas mais rápidas que o Whitesnake já gravou; Tell Me How com seu refrão contagiante que certamente, se tocada ao vivo, terá um coro fenomenal por parte dos fãs. Coverdale não somente resgatou seus trabalhos do começo do Whitesnake, como também a sonoridade de seu trabalho ao lado de Jimmy Page nos anos 80 – um dos melhores registros da história do Hard Rock; isso pode ser comprovado na folk Fare Thee Well, onde Coverdale faz seu timbre mais grave bem usado nos anos 90 e na Hard-blues Whipping Boy Blues, extremamente contagiante e com riffs de guitarra fantásticos. Ate as baladas soam perfeitas, sendo a melhor a que fecha o disco, faixa título, que chega a terminar o trabalho de uma forma épica e melancólica, com um belíssimo arranjo de cordas ao fundo, mas sem perder a energia que deixou em todo seu tempo de duração.


Coverdale aqui tem que ser aplaudido em pé. As variações de timbres e a energia que ele passa é algo que não víamos nele a anos, principalmente pela perfeita interpretação em sua voz (coisa que hoje em dia os vocalistas esquecem de fazer... Cantam sem sentimento, sem interpretação e acabam soando todos iguais). E os backings muito bem utilizados e encaixados do Beach e Devin dão um suporte magnífico em muitas partes. E, mesmo com o Coverdale em uma de suas melhores atuações, muitos momentos a dupla de guitarrista rouba a cena. Os solos, principalmente de Aldrich, são de extremo bom gosto. Fora os riffs... E que riffs! Tente ficar quieto nos riffs maliciosos de I Need You (Shine A Light) e Love And Treat Me Right – essa, para mim, o momento mais alto do álbum -, impossível! E tudo segurado pela cozinha, onde posso dizer com toda firmeza que é uma das melhores que já passou pela banda.


Numa época de renovação do Hard Rock, aonde novos nomes da Europa vêm tendo destaque e as bandas mais clássicas de certa maneira decepcionando o público, o Whitesnake, com Forevermore, vêm representando de uma forma magnífica a “velha guarda” e mostrando que ainda tem muita lenha para queimar com essa sua volta. Um disco imperdível!
 




Fabiano Cruz

Músico formado em composição e arranjo, atualmente expande seus estudos musicais na UNIS em licenciatura. Possui DRT em Jornalismo e Produtor Cultural e trabalha na área de criação musical, com já fez trabalhos em produções artísticas, rádio e TV.




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