Resenhas

Cadillac Dinossauro's - 2010 -- Ser Absurdo

Por Fabiano Cruz | Em 04/03/2010 - 21:32
Fonte: Alquimia Rock Club

É incrível como de uns anos pra cá nosso querido Brasil tem gerado inúmeras excelentes bandas dentro do Rock’n’Roll como um todo (desde o mais simples e puro Rock ao mais extremo Black Metal), porém, por causa de como esse bom e velho estilo é mal tratado por mídias e públicos, muitas delas com um potencial enorme e qualidade ímpar fica relegada ao underground, claramente merecendo, com justiça, pelo menos maior destaque na mídia. E o Cadillac Dinossauro’$ é uma dessas bandas. A banda formada por David Barros (vocais, guitarras), Mack Millan (guitarras), Hugo Alex (baixo e fretless) e Ricardo Nego (bateria) lançaram no festival Psicodália de Ano Novo seu segundo trabalho, Ser Absurdo.


O disco, que contou com a ajuda do produtor e “quinto membro” da banda, Cliceu Spinassi (órgão, teclados, flauta, violão), realmente gravou um trabalho “absurdo“ de bom. O velho e bom Hard Rock, mostrado em seu primeiro disco, continua lá, porém a banda expandiu de uma forma surpreendente seus conceitos musicais. Isso já fica claro na “progressiva” faixa instrumental de abertura Comecei, que tem um toque de King Crimson em sua última fase  – principalmente nos timbres de instrumentos e segue com Parei, aquele hardaço que a banda costuma fazer.  Essas faixas de abertura mostram bem o que iremos escutar no disco: um Hard Rock contagiante, novas sonoridades bem progressivas e músicas de um carisma impar! David que assina a maioria das letras do disco se sobressai com idéias maravilhosas e sarcásticas, como na “sacana” Ninguém Vai me Atrapalhar – uma atuação foda do Hugo com um fretless – e na Tô Vivo? (uma das melhores do disco talnto musicalmente como liricamente). A influência já citada de King Crimson chega a ser gritante em faixas como Boris – que, além disso, ainda conta com a participação do saxofonista Marcelo Texeira dando um ar ainda mais experimental ao som - e Parabéns. O refrão de Emociona chega a lembrar muito o Rock Nacional dos anos oitenta – com um certo apelo pop – enquanto o pique do primeiro disco toma conta de Parei, Natureza Compulsiva e Eu Digo Não.


A banda está afinadíssima, com todos os músicos tocando muito, mas em algumas faixas a bateria do Ricardo e o baixo do Hugo se sobressai sobre os outros instrumentos. A participação do Cliceu em algumas faixas se tornou fundamental, dando uma textura bem diferenciada entre as faixas, hora tocando teclados, hora flauta, entre outros instrumentos. Totalmente gravado e produzido em Curitiba, a banda também mostra que é possível sim fazer um disco de qualidade, mesmo que com trabalho dobrado e reforçado, em terras brasileiras. O único ponto negativo fica pela ausência das letras no encarte (mas a arte de colagens, de tão legal que ficou, até compensa essa “falha” da banda). Um disco pra se ouvir mais e mais vezes, sozinho com uma boa cerveja na mão, acompanhado de uma gata ou em festas Rock, pois esse trabalho tem a verdadeira alma do Hard Rock! E Vida longa ao Cadillac Dinossauro’$



Fabiano Cruz

Músico formado em composição e arranjo, atualmente expande seus estudos musicais na UNIS em licenciatura. Possui DRT em Jornalismo e Produtor Cultural e trabalha na área de criação musical, com já fez trabalhos em produções artísticas, rádio e TV.




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