Psicodália 2009-10



 

O Festival

Além da Música

30/12/09 – 1º Dia

31/12/09 – 2º Dia

01/01/10 – 3º Dia

02/01/10 – 4º Dia

03/01/10 – 5º Dia

Visão geral dos shows

 

 

O Festival


Mais uma edição do festival Psicodália foi realizada, dessa vez, diferente da tradicional realização no Carnaval, foi feito uma edição especial de Ano Novo. E bota especial nisso! A começar pelo lugar, a Fazenda Evaristo, localizada em Rio Negrinho, interior de Santa Catarina. O local era amplo e agradável, bem servido de sombras e com muitos espaços propícios a uma boa convivência. O camping se apresentou em boas condições também, com terrenos razoavelmente planos e áreas divididas para famílias e lugares menos agitados, também com espaço reservado aos veículos, que não podiam ficar circulando nas áreas de atividade do festival em si. Houve problema com a energia elétrica em algumas ocasiões, gerando até mesmo um atraso nos shows do palco do sol no 2º dia e banhos gelados para alguns.
 

Aliás, falando na organização, temos que tirar o chapéu para eles. Não é nada fácil fazer um festival independente de Rock ‘n ‘Roll, onde são priorizadas bandas que podemos dizer realmente nacionais, ter as proporções que teve nesse ano. A começar pela praça de alimentação, bares e bazares. Espalhados pelo miolo principal do festival, as opções de alimentação foram grandes e de qualidade, desde almoços (sempre com a preocupação de oferecer opções aos vegetarianos ) à lanches de diversos tipos. Foram espalhados quatro bares que revezavam seu funcionamento e os bazares tinham vários apetrechos e coisas do mais variados tipos. A demanda por vezes superava a oferta, o que de fato era uma coisa pouco previsível para a organização, mas que não gerou grandes problemas e nem desabastecimento geral, com tudo a um preço razoável.
 

Os palcos foram preparados com uma infra-estrutura de dar inveja (muitos eventos que se dizem profissionais e são patrocinados por empresas grandes deveriam ter visto a qualidade de som e iluminação que um evento independente como este conseguiu realizar). O Palco do Sol teve sua estrutura montada com base no que foi o palco principal do último  evento realizado no Carnaval e o Palco do Pasto teve sua estrutura totalmente planejada para essa edição. Temos que citar aqui que as bandas, escolhidas a dedo, também fizeram a sua parte. Não teve apresentação ruim ou mediana. A qualidade dos shows foi impressionante; víamos o entusiasmo e a felicidade na cara de cada um dos músicos que ali se apresentaram. E o público correspondia com aplausos e curtição. Aliás, outro ponto que tem que ser bem destacado é o público presente... Sem nenhuma ocorrência de brigas ou qualquer coisa chata similar; também não houve casos graves gerado por álcool ou drogas por lá. O povo estava lá simplesmente para curtir o evento e prestigiar as bandas... Nota 10! (Cadê a mídia “especializada” e “grande” para cobrir um evento desses e desmitificar que festival de Rock so tem brigas, orgias e tráfico?). O único porém, é que aproximadamente 1/ 4 do pessoal (estima-se que tinha cerca de 3.000 pessoas como público pagante), foram somente para ver Os Mutantes (ainda chegava ônibus na parte da tarde no dia 02 de Janeiro)... Uma Pena, pois perderam excelentes apresentações.
 

Como não aconteceram muitos problemas, a ambulância e a farmácia dispostos no local não ttiveram casos graves para cuidar. Particularmente, vi a ambulância sair de lá (que ficava do lado da Radio Kombi) poucas vezes, mais por descuidos do pessoal na cachoeira ao redor e com o Sol forte, que bateu por dois dias.
 

Os pontos negativos ficaram com os banheiros e um pouco pelo lixo gerado durante as apresentações. Os banheiros, depois de três dias, não aguentaram muito a população no local, o que tornou o uso de alguns inviáveis – o que também ocorreu pela falta de água em um dia (por um probleminha na bomba de água), mas a organização tomou conta e solucionou o problema rapidamente. No geral a moçada cuidou bem do lixo, com exceção dos momentos de apresentação no palco principal. Estando as lixeiras nas laterais do palco, as pessoas não se deslocavam de seus lugares e deixavam o lixo por ali mesmo, no chão. Ponto negativo para o público nessa questão, gerando bastante trabalho nas manhãs seguintes para a equipe da limpeza.
 
 
 

O Festival Psicodália, mesmo com a gigante estrutura montada voltada às bandas, não se resume somente a arte musical. Por todos os dias também tivemos peças teatrais, intervenções teatrais, exibição de filmes – longas (esse ano foi exibido o documentário Loki) e curtas –, palestras e oficinas, recreações para as crianças e alguns eventos esportivos – como várias áreas feito de campo de futebol e uma tirolesa montada pelo evento. 
 

Oficinas
 

Eis aí um grande diferencial do Festival Psicodália, que insere uma cultura relacionada ao estilo musical no qual está focado. Atividades artísticas como artesanato e expressão corporal e práticas de meditação e auto-conhecimento (entre outras) ocupavam de maneira muito inteligente o entreposto das apresentações musicais. Além da questão cultural, essas atividades têm um excelente caráter de promover a interação entre as pessoas, que distribuídas em grupos, estreitam laços de amizade e cultivam afinidades. 
 

Na verdade, ocupar o período da manhã (algumas também o período da tarde) é apenas a consequência dessas atividades. Comportam-se como um paralelo, são as bandeiras de um modo de vida alternativo, cuja trilha sonora era despejada nos alto-falantes dos palcos. Poder se conhecer, conhecer e compreender o outro, exercitar suas faculdades mentais, seus talentos escondidos (ou aprimorar os já revelados) refletir sobre a própria saúde e a de nossa terra e se soltar são vivências únicas e quem as viveu no festival, com certeza acrescentou algo a si próprio. 
 

Havia um local onde se concentrava o pessoal para participar das atividades e os respectivos instrutores, chamado de "QG das oficinas". Lá era possível ver depois de um tempo uma bela de exposição de itens coloridos pendurados, decorados pelo próprio pessoal de uma das oficinas. As atividades eram intensas, algumas oficinas ocupavam mais de um dia e sempre tinha participantes cativos (vários inclusive que fizeram mais que uma oficina). Alguns pequenos remanejamentos e algumas oficinas que acabaram não acontecendo, por um motivo ou outro, não desmotivaram mentes expansivas (incluindo crianças) frente a um leque tão interessante e eclético de atividades culturais. Tive oportunidade de participar de uma oficina, que foi uma experiência fantástica, relacionada a musicoterapia. Enfim, participar das oficinas, ou mesmo só admirá-las acontecendo, era como voltar a ser desprendido e solto como criança, interagindo singelamente com a terra e com as outras pessoas, produzindo coisas belas.  
 

Peças de teatro/exibição de filmes
 

Nesta edição, aconteceram em maior número e com maior participação do público as peças de teatro e as intervenções artísticas. A exibição de filmes não foi bem uma novidade, mas foi mais estruturada do que na edição passada. Aconteceram as peças "Liberdade", do grupo Assep(C)ia de Teatro, um mini-musical com excelente texto, construído por sobre citações ao tema e uma ótima interpretação ;  "Aventuras Possíveis", com simpáticos fantoches, do grupo Auto-Peças ; a peça "Minha realidade é mais pesada", o cômico "Devagar se vai ao longe, de bicicleta mais ainda" e a intervenção do "Homem Banda" com seus múltiplos sons ; foi apresentado também o filme Loki (documentário do Canal Brasil sobre Arnaldo Baptista) e alguns curta-metragens, vistos por expressivo número de pessoas, entre outros.  
 

Radio Kombi
 

Uma das partes que compõe o festival que fez sucesso esse ano, com o pessoal curtindo muito, foi a Radio Kombi. Instalada numa das inúmeras casinhas de madeira espalhadas pelo festival (engraçado foram algumas pessoas que foram pela primeira vez ao Psicodália perguntando da Kombi), a estrutura da rádio foi bem maior e mais acomodada, com a equipe formada pelo Cliceu (diretor da radio), Fabiano (editor do Alquimia Rock Club, que comandou um programa voltado ao blues em suas formas e raízes), Ronaldo Rodrigues (colaborador do Alquimia Rock Club e tecladista do Massahara, o qual levou seu programa Estação Rádio Espacial), Chico (radialista da Rádio Difusora, que comandou um programa voltado ao som Psicodélico dos anos 60/70) e Magela (Um dos organizadores do Camping Rock, que nos levou um programa que rolou tudo que acontece no Rock ‘n ‘Roll de Minas Gerais), quebrando tudo! A rádio, além dos programas diários que eram feitos ao vivo, também servia para informações sobre o evento e as bandas, ficando como um serviço bem legal para os presentes no festival. Também rolaram entrevistas com as bandas Zé Trindade e com o Cadillac Dinossauro’$, falando de seus novos trabalhos, do festival e tocando algumas versões acústicas. Vocês podem conferir na seção Entrevistas. Foi muito legal fazer parte desse time, o que tornou o trabalho bem amigável e refletiu no público que gostou bastante dos programas realizados!
 
 
 

O evento abriu suas portas ao meio-dia do dia 30 de Dezembro, onde já se encontrava vários ônibus de diversas partes do Brasil... Debaixo de uma forte chuva, o dia se resumiu na montagem das barracas e a acomodação do pessoal, tanto como a organização dar os toques finais necessários para a realização do evento. Nesse primeiro dia, as apresentações foram de duas bandas abrindo o Palco do Sol (excepcionalmente tendo shows durante a noite). A primeira foi Eletric Trip e a segunda Leprechauns. Infelizmente, a equipe do Alquimia ainda não estava completa, e como o Fabiano estava envolvido com alguns detalhes da Radio Kombi, não pode ver com detalhes as apresentações, mas para quem estava vendo, o evento não podia começar melhor, principalmente pelo folk que os Leprechauns fizeram, levando muitas pessoas a dançarem com seu som!
 

Palco do Sol
 

A chuva ainda cai nesse dia, bem menos que na quarta, mas não intimou nem um pouco o pessoal, que ainda estava meio disperso pela área (fora que muitas excursões só chegaria mais a noite). A primeira banda a se apresentar foi Rafael Castro e os Monumentais. Com um som pop-rock com algumas tinturas psicodélicas e incursões pelo surf-rock, típico das bandas gaúchas, a banda iniciou a música no segundo dia do festival, no palco do sol. Sua música aparentou ser um pouco simplória e sem ousadia, a despeito de ter qualidade (tanto de execução como de composição). Embora mantendo a platéia passiva de um modo geral, conseguiu lhe arrancar expressivos aplausos. Passaram um pouco despercebidos, pois ainda havia pessoas chegando e se instalando no local, além de tocarem no palco do sol, onde rolaram as bandas mais ousadas e experimentais da programação do festival.
 

O sexteto paulistano Baratas Organolóides deu continuidade ao som na nublada tarde. Fazendo um som livre e com muita influência jazzística, chacoalharam os corações e mentes psicodálicos. Seu som é autêntico, altamente musical e fluído, combinando muito bem a linhagem rock com outros temperos, temperos estes muito bem descriminados na sua Farofa Brasileira, música em que o público respondia em coro. Apresentaram muito entrosamento, com destaque aos vocais em duo e o bom uso de acordes dissonantes, além das letras interessantes. Abusaram em demasia da distorção das guitarras, que poderiam, sendo mais limpas, dar maior destaque as boas harmonias e aos suculentos solos repletos de fuzz. Para quem acompanha o Alquimia na seção resenhas, já leu sobre alguns shows deles que cobrimos na capital paulista, mas o ar do Festival fez com que eles fizessem a melhor apresentação que vimos. Outras músicas de destaque foram a Bolha de Rock e Fé de Peixe.
 

Fechando a programação da tarde, subiu ao palco outro grupo paulistano, o Poucas Trancas. Também tiveram calorosa recepção do público, especialmente pelo bom humor apresentado no palco durante o show. Com uma performance bem construída dos músicos e a utilização de elementos cênicos (o vocalista/violonista/tecladista com inusitados pinduricalhos, um guitarrista cheio de gingados e um baixista com o rosto pintado), fizeram de maneira geral uma apresentação ousada. Sua música também refletia isso, combinando rock básico de qualidade (e com bastante peso na guitarra) com muitos elementos, retratando temas que iam do cotidiano urbano das grandes cidades aos desenhos animados, como visto na cômica – e teatral! – música chamada Avenida do Estado.  
 

- Palco do Pasto 
 

No Palco do Pasto, o som começa com o progressivo do Sopro Difuso, uma banda que se apresenta freqüentemente nos festivais do Movimento Psicodália e que apresenta ao público uma gradual evolução. Graças a essas constantes aparições, tem seu nome já bastante associado ao Psicodália e um público cativo também. Na última edição já tínhamos ficado abismados com o som deles, mas esse ano, com o primeiro CD oficial na bagagem, tocaram mais entrosados e soltos... Loucura Lúcida, Quimera e Estelar são músicas de extrema qualidade. Ao vivo, a flauta de Dênis Naressi se sobressai aos outros instrumentos, dando aquele ar mágico na apresentação. O ponto alto foi quando a banda chama a vocalista Michele Mara (sim, para quem acompanha TV, talvez a conheça de uma das finais do programa Ídolos). A música Sinal Fechado – mesmo sendo uma “filha” de The Great Gig in the Sky do Pink Floyd – foi de absoluta perfeição, de ambas as partes, banda e Michele, fazendo um do smomentos mais memoráveis de todo o Festival. Só quem esteve la vendo entende o que eu quis dizer...
 

Logo após, o Plástico Lunar, banda de Sergipe, sobe ao palco com seu Rock pesado e psicodélico. Também a vontade no palco, a banda usou e abusou de improvisos pra lá de “espaciais”, Hard Psicodélico, com muita guitarra distorcida, uma cama de teclados muito segura e uma cozinha competente! O tecladista Leo AirPalne, com um sintetizador no palco, hipnotizava todos com seus solos! Intercalando velhas composições com novas (a banda está prestes a entrar em estúdio para gravar seus segundo trabalho), fez uma bela apresentação. Com uma pausa no palco para a confraternização de Ano Novo – onde a organização disponibilizou uma bancada de frutas para o público e esse fez uma das mais belas confraternizações de Ano Novo que jamais vi, todos se abraçando e desejando felicidades, levando ao alto o clima de amizade que o Festival propõe -, a próxima banda a subir ao placo seria a Bandinha Di Dá Dó.
 

Passado o eufórico momento da virada, o júbilo psicodálico da moçada incandesceu-se com a apresentação da Bandinha Di-Da-Dó, banda revelação da edição anterior. Num inconsciente coletivo, quase todos deixaram de prestar atenção na musicalidade e se deixaram pular ao som ultra-regional e infantil do grupo gaúcho e sua cômica performance. Deixando toda a seriedade de lado, o grupo se apresenta vestido como palhaços e faz uma música muito simplória, pobre em termos de harmonia e de ritmo, quase sempre com as mesmas linhas de baixo e o acordeon acompanhando, revisitando o estilo das polkas e da tradicional música dos imigrantes europeus, presentes em grande número na região sul (de onde provém também a maior parte do público do festival). Porém, quem gostou de uma música dos caras gostou de todas, muito agitadas e engraçadas, acompanhadas da performance realmente admirável do vocalista e acordeonista do grupo, que conduziu a platéia numa grande brincadeira. Foram ovacionados. Mas temos que alertar aqui que o público exagerou um pouco no ovacionismo... Durante a apresentação, algumas pessoas deram Stage Divers (aquele típico agito em shows de Rock que o público sobe ao palco e se joga na multidão). Até ai, tudo bem, pois até um dos palhaços no meio do show faz isso – numa das hilárias partes, onde ele “nada” sobre o povo - mas o público exagerou de uma certa forma que saiu de controle, chegando a mais de 10 pessoas no palco em certo momento. Nada de grave aconteceu, mas chega a ser uma falta de respeito à banda mostrando seu trabalho e ao público que queria ver o show. Espero que numa próxima apresentação da banda, seja onde for, o público não faça mais isso... 
 

Vindos de Minas Gerais, o power-trio Zé Trindade fechou a noite. Após uma temporada na zona rural, acolheram influências regionais em seu rock pesado, conforme pronunciaram em entrevista prévia na Rádio Kombi. Seu show provou isso, abrindo a apresentação com As Porteiras e a divertida Blues das Pererecas, conduzidos pela viola caipira do Danilo e gaita, acompanhados de bateria. Após esse início pouco convencional, conduziram um excelente show com muito Hard Rock Setentista na veia e performance incendiária, sacudindo os ouvidos da moçada. Os destaques, além da nova Jimi Henda-se – uma bela homenagem a um certo guitarrista aí), foram com a já clássica O Trem e a paulada final com Denil's Pilantra. O regionalismo poderia ter sido colocado de maneira mais sutil e poderia ser melhor assimilado de modo geral, em uma passagem no meio da apresentação. A linguagem universal da banda e de seu bom rock destoou da presença de uma bandeira de seu estado natal, estendida no palco, e de uma certa desmedida no reconhecimento das próprias raízes. A festa não terminou ai, pois mesmo sem mais bandas, o povo rumou para vários locais, ao som de um violão mais sossegado, em grupos que se espalharam pelos inúmeros abrigos de madeira pela área da fazenda ou com um agito mais “caliente” ao som de percussões brasileiras no chamado saloon...
 
 
 

- Palco do Pasto
 

A chuva para e um fortíssimo Sol toma o lugar dela! Com mais pessoas no evento, o calor do dia deu mais ânimo (sim, mais ainda!) ao pessoal presente, o que gerou vários grupos jogando futebol, belas mulheres de biquínis, mais movimentação e confraternização entre os presentes e mais, mas muito mais cervejas geladas. O primeiro dia do ano não poderia começar melhor e nesse cenário, no Palco do Sol, a Soul Barbeccue foi a primeira banda do dia, um grupo muito original e inteligente. Seu som é cerebral e sua apresentação foi legítima, densa, de muita presença. Um instrumental afiado e bem complexo surpreendeu bastante o público, que os acompanhou atentos.  A influência jazzística na banda tem muita força e esbarra em muita competência de seus músicos e vocalistas, fazendo um som de difícil definição, algo entre um sissudo Rock Progressivo, uma livre Psicodelia regada a elementos do Free Jazz. Apesar do começo meio conturbado com o som (foi a única banda – infelizmente – que teve pequenos problemas de equalização e micro-afinação no palco), a banda não se intimidou e mandou ver em sons como Uqbar e Ruinas Circulares. A falta dos sopros (o integrante Fellipe não pode ir por motivos particulares) não teve problemas, pois os músicos preencheram com maestria a falta do sax e flauta. Fizeram um show muito bom, a altura do talento dos envolvidos, principalmente pela guitarrista e tecladista Camila Antonelli e do vocalista Renato Perez, que beirou o teatral em algumas partes de sua atuação.
 

O Trem Fantasma, banda também revelada na edição anterior do festival, subiu sem demoras no palco. Os jovens músicos vindos de Curitiba-PR chegaram ao Palco do Sol, trazendo muito fuzz em um turbinado Blues-rock. Banda de nítido potencial, agradaram bastante o público atento, que vibrava com bons solos de guitarra e as marteladas percussivas da bateria. Chegaram até a ter uma repercussão maior no boca-a-boca na edição passada, mas, sem dúvida, conduziram ótimos momentos de rock n’ roll psicodélico à galera.
 

A última banda a subir ao Palco do Sol foi a Massahara. Tida como um dos maiores destaques do festival, a banda quebrou tudo com seu Hard Rock Setentista. Músicas como Cabeça Boa, Já Nem Ligo Mais e a instrumental que leva o nome da banda deixou todos os presentes extasiados com a sonoridade que a banda mostrou. Mais entrosados do que no Festival realizado no Carnaval, cada integrante fez solos pequenos, mas certeiros, onde vimos a qualidade dos músicos: o solo de bateria do Douglas Oliveira, para muitos, foi também um dos pontos altos do Festival. Com certeza a banda já faz parte do “casting” de bandas que sempre se apresentam no Festival, pois é a cara de muitas pessoas presente no Psicodália e do próprio festival!
 

- Palco do Pasto
 

Com o dia ainda claro, a numerosa banda paranaense Mesa Girante chegou, conforme foi anunciado, trazendo seu groove. Músicos muito competentes e entrosados, fizeram a difícil tarefa de conciliar bem muitos instrumentos e vozes. Apresentaram um som cheio de balanço e feeling, passeando com desenvoltura pelos terrenos do Rock básico, Soul, Funk, Rockabilly, Blues e Swing, mesclando velhas composições e novas – o qual, a exemplo de outras bandas como o Zé Trindade e o Caddilac Dinossuro’$, também estavam lançando trabalho novo no festival. Destaque para as interpretações dos músicos e vocalistas, que mesmo não apresentando um material de complexa execução, o apresentaram com muito sentimento e uma categoria especial dentro da programação do festival. Um grande show, que deveria ter sido visto por mais pessoas, tendo em vista a transição do período da tarde para a noite.
 

Dando sequência ao embalo da Mesa Girante, entra no palco o grupo O Sebbo, reformulado com novo baterista e guitarrista. Os novos membros acrescentaram positivamente o som da banda, dando novo gás e novas idéias ao som do grupo, um Rock’n’roll de primeira qualidade, agregando a sonoridade básica com groove e algumas idéias tendendo ao rock progressivo. A despeito de alguns deslizes quase imperceptíveis no entrosamento com os novos membros, a banda fez um show de muita energia e performance contagiante, como já era de se esperar entre esses também veteranos nos eventos do festival.  Vale destacar que a bela vocalista Margareth Blaskievicz tem uma presença de palco invejável, e no meio da apresentação comentou que a banda participou de TODOS os Festivais realizados, sendo a banda já “íntima” do público e do Festival – o que soma sete apresentações no Psicodália
 

Com um divertido show e bastante entusiasmo dos músicos, o “Gentle Giant” do Brasil – devido á complexas harmonias musicais e uso de vários instrumentos em palco – a banda Sopa sobe ao palco. Também mesclando sons de seu primeiro disco, como Carrapato ou Carrapicho, 2234 e Mosca com sons mais novos – inclusive uma divertida homenagem ao recém falecido Lombardi -, apresentou um show bem legal. Foi uma – talvez a mais – entrosada banda do Festival; eles usam vários instrumentos em palco, inclusive alguns bem atípicos dentro do Rock, como xilofone, violino e vários tipos de percussões. A vocalista e multi-instrumentista Daniele Madrid, além de bela, é um show a parte: não para um minuto sequer no palco: dançando, agitando com o público etrocando várias vezes de instrumentos. Uma verdadeira “front-woman”!
 

Como no Festival anterior, a mais que aguardada Pata de Elefante toca logo após no Palco do Pasto. O Power Trio gaúcho toca músicas que são verdadeiras enciclopédias do Rock, com influências de vários sub-estilos, e de uma forma que poucos se arriscam: todas instrumentais! E de tão cativantes que são, não tem como ficar quieto e não cantarolar as melodias num show deles. Músicas como Hey!, Funkadellic, Marta e a já clássica, pedida pelo público em vários momentos do show, Cidade Invisível. Falar da qualidade do trio é besteira, ainda mais da dupla Gabriel Guedes e Daniel Mossmann que se revezam entre o baixo e a guitarra, sem perder a qualidade de técnica e timbres! Além de também mostrar algumas músicas novas – pois o trio está prestes a lançar seu terceiro trabalho –, a banda tocou depois de três anos sem apresentar ao vivo a música Dor de Siso, ponto altos da apresentação! Não teve quem ficasse de boca aberta com a Pata de Elefante, que nos proporcionou, novamente, uma das melhores apresentações do Festival!
 

Para fechar a noite, tivemos a primeira das três grandes atrações do festival: Blindagem. Banda que colocou o Paraná na rota do Rock’n’Roll brazuca fez uma apresentação que dividiu os presentes. Com um som perfeito, a banda mandou a maioria dos sons que a tornou famosa nos anos setenta, tocando seu típico Rock’n’Roll com bastante influência de folk e algumas vezes soando pop. Depois de umas 5 músicas a banda arrisca With a Little Help From My Friend – com mais uma ótima participação de Michelle Mara – e levantou quem estava lá. O show prosseguiu com a participação do público em suas músicas – excelentes composições “perdidas” dentro da história do nosso Rock’n’Roll por sinal -, mas a banda usa, no fim da apresentação, do artifício de covers de clássicos do Rock (Como músicas do Led Zepellin e Deep Purple) e causou uma divisão entre os presentes. Uns (ou muitos) adoraram e acharam que essas músicas foram o ponto alto da apresentação da banda, outros acharam descartável a banda fazer isso, indo de contra a proposta do festival de sempre mostrar o trabalho próprio de bandas independentes. Gostando ou não, a banda teve o público em suas mãos e temos que reconhecer que o Blindagem no palco é uma excelente banda! Como a primeira atração de peso dessa edição e com o ótimo show, deixou todos apreensivos pelo que viria nos últimos dias...
 
 
 

- Palco do Pasto
 

Abrindo mais um dia quente, a sonzeira flamejante do grupo Mescalha chegou no Palco do Sol. Pela primeira vez no festival, chegaram mostrando a que vieram – Rock de muito peso e instrumental de primeira qualidade que agradou em muito o público do Palco do Sol. Seu som faz grandes referências aos gigantes do rock pesado da década de 70 e mais alguns pequenos toques progressivos, com um som intenso e pesado, em que se destacam a técnica precisa dos músicos e os bons vocais. Ótima surpresa na programação deste ano, que foi largamente aplaudida no palco do sol.
 

Pra quem estava no palco do sol e gostava de um bom Hard Setentista, a tarde do 4º dia foi especial. O público, preparado pela excelente apresentação da banda anterior, recebeu de ouvidos bem abertos o som matador do quarteto paulistano Cosmo Drah. Fazem um som baseado fortemente na influência de grupos argentinos de Hard Rock e tocaram no Psicodália com grande qualidade de execução e peso nas batidas de seus riffs inventivos, com baixo incisivo e grandes vocais, despejando letras que fogem do banal dentro do estilo. Executaram um show quase irrepreensível e infelizmente foram atrapalhados pela passagem de som da banda principal da noite, os Mutantes, atrasados em mais de 4 horas para tal – o que não atrapalhou somente a banda em questão, mas vários compromissos e partes do Festival todo. Outra ótima estréia no festival. 
 

O Conto, banda da qual faz parte Klauss - um dos principais organizadores do evento - e tem uma linha de som mais clara ao Rock Progressivo e Psicodélico, fechou a tarde de Sábado. O talento do grupo é inegável e a formação em que tocam é pouco convencional – bateria, guitarra e teclado, sem contrabaixo. O instrumento, na ocasião, fez bastante falta. Primeiro por sobrecarregar muitos os 3 músicos, sendo que dois deles também cantam (em geral harmonizados) uma material de musicalidade bem elaborada. Segundo, por tentar compensar a ausência do baixo na equalização do som, deixando a bateria muito grave e a guitarra com volume muito alto e também grave, o que gerou desconfortáveis microfonias ao longo do show. A bateria também utilizava muito os tons para tentar compensar a ausência do baixo, o que nem sempre funcionou. Independente desses percalços fizeram um bom show, com composições muito ricas e letras profundas, que fizeram a cabeça de quem lá estava e encerrou muito bem o excepcional palco do sol.
 

- Palco do Pasto
 

O grupo catarinense Trupe Sonora Casa de Orates, a primeira no Palco do Pasto no dia considerado por muitos o mais importante do festival, tem com uma proposta visual totalmente teatral e com um som que não encontra paralelos em nenhuma outra banda do festival. Completamente fantasiados, se caracterizaram realmente como personagens e apresentaram um show como se fosse uma coisa selada, uma única obra, sem aquelas típicas comunicações banda-público durante o intervalo das canções (o que só aconteceu depois de encerrado o espetáculo). A presença de palco dos músicos foi ótima e a força de sua música os completava, com um som que tem pouca guitarra, mas muita inteligência, puxando harmonias intrincadas da MPB e do jazz acrescidas de ritmos folclóricos com uso intenso de percussão e flauta. Mesmo tensos pelo atraso gerado pela passagem de som dos Mutantes e de ter espaço limitado do palco, por conta dos equipamentos da banda principal, não se intimidaram e destilaram música de qualidade aos presentes. Altamente originais e híbridos em sua sonoridade, sobem freqüentemente nos palcos do festival e sempre agradam muito a platéia, como aconteceu desta vez.
 

O alvoroço entre o público – que nesse momento estava estimado em 3.000 pessoas no Festival – estava grande quando foi afirmado que o aguardadíssimo grupo tropicalista Os Mutantes requisitou, por conta de seu próprio atraso na passagem de som e na coletiva de imprensa (que vocês podem ouvir na seção Entrevistas) que sua apresentação fosse antecipada. O público, em questão de minutos,  compareceu em peso para vê-los e o clima de entusiasmo era nítido, com as pessoas se acotovelando para curti-los num ângulo melhor ou pular ao som de suas músicas. A banda que acompanha os dois únicos mutantes originais (Sérgio Dias e Dinho Leme) é competente e segurou bem a onda, não se destacando no quesito individual em nenhum dos instrumentos. A guitarra ácida de Sérgio Dias estava brilhante, tocada com muita maestria e uma boa dose de exagero no volume. No momento, o público recebeu bem as canções do novo disco – Querida Querida e Bagdad Blues entre elas -, mas vibrou mesmo com os clássicos do período 68-72, como El Justiceiro, Top Top, A Hora e a Vez do Cabelo Nacer, Technocolor e a espetacular Bat Macumba – momento onde Sérgio Dias mostrou toda sua criatividade na guitarra. O bla-bla-blá posterior ao show dava conta de que as novas músicas eram fracas, mas é algo que precisa ser maturado no público até ser assimilado, assim como as músicas que hoje são clássicas também na época em que foram lançadas provavelmente passaram pelo mesmo processo. O povo tem que entender que o Mutantes não é mais a mesma banda de outrora, com outras concepções musicais hoje em dia e músicos de um talento extremo, como o guitarrista e multi instrumentista Vitor Trida e a belíssima e carismática vocalista Bia Mendes. O repertório dos clássicos da banda não teve nada de muito surpreendente, quase tudo que o público anseiava escutar do som dos Mutantes foi executado e deixou a maioria bastante satisfeita na ocasião, apesar de algumas pessoas não terem gostado do set list. No fim, os Mutantes voltaram ao seu país de origem com um grande show, o que agora temos que torcer para que gravadoras e produtores voltem as suas atenções ao grupo novamente e no mínimo lancem o novo disco aqui em nosso país.
 

Os sempre aclamados paranaenses do Gato Preto encontraram uma galera ainda bem animada depois do show dos Mutantes – o que ficamos surpresos, pois após a principal atração desse ano, pensamos que muitos iriam embora e não prestigiar as bandas que viriam depois, o que não foi o ocorrido... temos que dar novamente os parabéns ao público por causa disso! -, na seqüência da programação do palco principal. Trouxeram uma surpresa, com uma inusitada jogada de marketing – terminaram com a banda na metade do show e iniciaram a outra metade com seu novo nome – Confraria da Costa. Nome novo, porém o mesmo som (apesar de terem alegado ter mudado de nome porque não faziam mais o mesmo som de 10 anos atrás quando fundaram o Gato Preto, sendo assim esse nome antigo não fazia mais sentido). Com a mesma proposta divertida e circense do Sopa e da Bandinha di-da-dó, novamente fizeram pular os psicodálicos que os assistiram, com seu humor e energia no palco. Musicalmente, o som piratesco, engraçado e gauchesco típico da banda é uma coisa marcante somente no calor do evento, bastante caricato, numa fórmula que provavelmente só funciona na região sul, repleta de referências da música regional de lá, como podemos conferir num dos sons mais agitados pelo público, a És Cadavérico.  
 

Já se passavam das 3:00 da manhã e, mesmo com algumas pessoas não agüentando o pique do dia ou indo para o Saloon, ainda tinha muitas pessoas para prestigiar o show do Cadillac Dinossauro’$. Azar de quem perdeu! Lançando seu segundo trabalho no Festival, a banda simplesmente detonou no palco – podemos arriscar que foi o mais divertido da noite! Com a figura totalmente Rock’n’Roll do guitarrista e vocalista David Barros, a banda mandou ver em sons como Parei, Tô Vivo e Eu Digo Não, toda do novo trabalho, sem esquecer as músicas do primeiro disco, como Estou a Procura de Sorte. Como é tradição a teatralidade das bandas do Sul, o Cadillac Dinossauro’$ não abriu mão e teve a participação de Boris na música que leva sue nome e uma pequena e engraçada atuação de atores na Ninguém Vai Me Atrapalhar. A banda conseguiu deixar todos que ficaram abismados e contentes com sua apresentação, com os presentes agitando bastante nas músicas. Um dos melhores e mais agitados shows de todo o Festival que fechou com maestria o quarto dia de Festival
 
 
 

O último dia amanheceu meio nublado, com o Sol se escondendo como se até ele estivesse triste pelo término do Festival. Muitas pessoas já iam embora mesmo de manhã e a cara de saudades já estava estampada em outras. Mas ainda teríamos três shows pelo dia todo e o primeiro a subir no palco foi o padrinho do festival Plá. Querido por todos, Plá apresentou seu shows acústico e suas músicas carismáticas. Como sempre, foi bem aplaudido por quem viu seu show.
 

Escalada para o encerramento do festival, a lendária banda de Rock Progressivo Terreno Baldio teve sua apresentação antecipada. Infelizmente, havia relativamente pouca platéia para ver e escutar sua Arte-Rock (tendo em vista a quantidade de pessoas nos shows dos Mutantes e outros shows noturnos). Mas quem perdeu, perdeu... Não simplesmente um show, mas um momento espetacular, de uma musicalidade e sensibilidade únicas. Valeria destacar cada músico, cada canção, cada solo, cada letra da banda... Foi simplesmente fantástico e deixou boquiabertos os resistentes psicodálicos que os assistiram. Os próprios músicos estavam claramente emocionados e muito felizes em ver sua música atravessar o tempo e ser apreciada com entusiasmo por uma nova geração de fãs, que vibrava com sua música. A Alegria estampada na face do vocalista João Carlos chegava a emocionar e ver de perto músicos do gabarito de Geraldo Vieira e de Mozart Mello... bem realmente não tem palavras. Músicas fantásticas como Pássaro Azul, Saci-Pererê e Grite são perfeitas ao vivo. O entrosamento entre os músicos é uma coisa mágica. Sem dúvida, sem desmerecer as outras bandas, foi a melhor apresentação desse ano do festival. É realmente difícil falar algo de uma apresentação desse nível... so quem esteve lá entende o que estamos dizendo 
 

Fechando o Festival, já com pouquíssimas – mas agitadas – pessoas, o Maxixe Machine sobe ao palco. Com seu som “caipira” muito divertido, a banda tocou sem compromissos, muito a vontade no palco! Os músicos tocaram de forma descontraída e foi o maio show do Festival: tocaram por pelo menos uma hora e meia – era engraçado estenderem o bis por umas quatro vezes. Um show bem legal que fechou com chave de ouro mais uma edição do Psicodália.
 
 
 

O nível de musicalidade e qualidade técnica dos músicos está em crescente ascensão dentro dos eventos do movimento Psicodália. As bandas têm feito novos e interessantes trabalhos e as performances surpreendem pelo profissionalismo e sentimento, também melhorando na questão técnica, com bons instrumentos e equipamentos, no que também colaborou a estrutura do festival, que em geral, cuidou muito bem da equalização do som nos dois palcos. O público, muito respeitador e aberto aos sons autorais de todos os grupos, participou ativamente da maioria dos shows, a despeito de estar um pouco disperso (tendo em vista os cerca de 4000 participantes, nem mesmo no show dos Mutantes a participação ultrapassou algo estimado em 80% da população do festival). Mas considerando a gama diversa de atividades culturais oferecidas no evento, todos puderam usufruir de algo. Valorosa também a atitude do público de prestigiar o trabalho das bandas, adquirindo CDs e camisetas das bandas, ao que no fim do evento se encontrava o bazar com poucos itens ainda à venda. A interação entre todos foi fantástica, era possível topar com os músicos das bandas perambulando por lá e trocar uma idéia fácil com todos eles, uma ótima relação artista-platéia e também entre os músicos das diversas bandas, que trocaram muitas figurinhas. 
 

Como a estrutura dos dois palcos estava bem similar nesta edição (o palco principal era maior, mas em termos de equipamentos de som e luz não havia diferenças significativas), a diferenciação entre eles pareceu mais conceitual – no palco do sol, tocaram bandas mais pesadas e experimentais (algumas estreantes no festival e outras que já tocaram em edições passadas); no palco principal, predominava um som mais festivo e descontraído. Claro que houve exceções à “regra”, sendo que a proposta de alguns grupos se encaixaria melhor no contexto geral do outro palco, mas o interessante é justamente a diversidade dominante no festival. Diversidade essa expressa nos estilos musicais e visuais dos músicos e da moçada, nas atividades culturais, nas sonoridades, quase tudo muito belo e psicodélico.
 

Agora é só esperar o que o Festival de Psicodália vai nos mostrar na próxima edição e com certeza o Alquimia Rock Club fará a sua presença novamente!!!!!! ATÉ A PRÓXIMA
 

(ESSA MATÉRIA NÃO TERIA SIDO CONCLUÍDA SE NÃO FOSSE PELA VALIOSA AJUDA DE NOSSO COLABORADOR E TECLADISTA DA BANDA MASSHARA RONALDO RODRIGUES. VALEU CARA!!!!!)
 

Obrigado também as pessoas que cederam algumas fotos à matéria: a queridíssima amiga Bruna, ao Giovani Paim, ao John Olinger e ao Bruno Caimi

 




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