Entrevistas

Hellish War

Por Fabiano Cruz | Em 20/02/2010 - 11:58
Fonte: Alquimia Rock Club

 

 

O Brasil sempre teve excelentes bandas no cenário Heavy Metal, e a cada ano cresce mais e mais o número de bandas competentes, porém sem o devido espaço em que elas merecem. Poucas conseguem, com muita luta e coragem, a ter destaque, principalmente fora de nosso país. Vindo do interior paulista, da cidade de Campinas, o Hellish War é uma dessas bandas! Com dois Cds aclamados pelos fãs de Heavy Metal no Brasil e na Europa, a banda formada por Roger Hammer (voz), Vulcano e Daniel Job (guitarras), JR (baixo) e Daniel Person (bateria), a banda vem tendo cada vez mais destaques no mundo, inclusive recentemente fizeram uma bem sucedida turnê pela Europa, onde gravaram as apresentações feitas no Razorblade Festival na Alemanha, que culminou na produção de seu primeiro trabalho ao vivo! O baixista JR teve uma conversa honesta e divertida com o Alquimia Rock Club, sobre a história da banda, suas dificuldades, suas lutas e o amor e dedicação que eles tem ao Heavy Metal.


Alquimia: Começamos falando da turnê européia realizada ano passado. Batizada de "European First Assault Tour", como foi fazer essa turnê? E a aceitação do público europeu ao show do Hellish War?


JR: Cara, fazer esta turnê foi du c****** (risos). O fato de podermos ver como rola a cena Metal lá fora. Como o europeu vivencia esse tipo de música. Além de ter sido uma realização pra toda a banda. Desde que começamos a tocar, mesmo antes de nos juntarmos no Hellish War, todos já tínhamos a pretensão e a vontade de uma tour internacional. Já a recepção do público, foi algo de inacreditável. Todos os lugares que nós visitamos, fomos muito bem recebidos. Não tínhamos a noção de como estávamos sendo esperados lá fora, ou como éramos conhecidos. A questão é que sabíamos que tínhamos fãs lá na Europa, só não sabíamos que eram tantos assim (risos). O público europeu nos recebeu de braços abertos, curtiram o som, compraram muito material da banda. Após a turnê, nossos álbuns passaram a vender mais lá fora também.


Alquimia
: Nessa turnê, a banda gravou os shows realizados na Razorblade Festival, na Alemanha, e vão lançar o material com o nome Live In Germany. Como foi a gravação e produção desse disco ao vivo?


JR: Bom, na gravação rolou um certo nervosismo, pois não podíamos errar, pois não teríamos tempo para tocar a musica novamente e até a questão de overdubs, não são legais. Mas o fato é que tínhamos 2 noites para gravar o material. Na primeira noite tocamos bem e sem erros mas um pouco apreensivos e um pouco nervoso. Na segunda noite, já tínhamos feito a gravação da primeira noite e tinha ficado excelente, o palco pegou fogo, estávamos coesos e tranqüilos. Sendo assim o material gravado na segunda noite se sobressaiu ao da primeira, e trabalhamos em cima dessa gravação. O disco foi gravado por um alemão, chamado Oliver Okunneck, e a produção está sendo feita pela banda. A mixagem e masterização foram feitas pelo Vulcano, nosso guitarrista. E estamos terminando a capa e o encarte. Já estamos em avançadas negociações com uma gravadora do Brasil para fazermos o lançamento deste registro ao vivo. Na Europa provavelmente irá sair pela Pure Steel Records.


Alquimia: Outra conquista recente da banda foi o contrato com a gravadora alemã Pure Steel Records. Como está sendo o trabalho deles com o material da banda? Além do relançamento dos dois discos – incluindo o primeiro, Defender of Metal, foi remasterizado -, quais são os planos da gravadora para a banda?


JR: Este contrato foi excelente. Pois veio algumas semanas depois do convite para a turnê européia, então foi tudo que precisávamos. A PSR tem feito um trabalho excelente, de divulgação e de venda da banda no exterior. Só neste começo de ano já demos mais entrevistas do que no ano passado todo, e 90% destas entrevistas estão sendo para a mídia internacional. Devido ao trabalho deles e é claro da Som Do Darma como nosso empresário, Eliton Tomasi (ex-editor da Revista Rock Hard Valhalla). Nosso também álbum tem chegado a vários países europeus, assim como na Ásia, Américas. E o que é mais interessante, é que não somos somente um número para eles, pois sempre estão em contato conosco. Sempre mandando noticias, se o álbum está saindo bem, se o álbum chegou a algum outro país ou continente, esse tipo de coisa. Eles ficaram interessados com o álbum ao vivo também, e apoiaram o máximo. Mas ainda não acertamos nada sobre o lançamento. Mas em breve teremos todas as certezas quanto a isto. E além de um terceiro álbum e uma nova turnê na Europa, desta vez por mais países. Mas nada concreto ainda, apenas planos entre banda e gravadora.


Alquimia: Heroes Of Tomorrow foi um álbum muito bem aceito em vários países Vocês esperavam uma aceitação mundial ao som da banda logo no segundo disco, ainda mais devido às dificuldades que uma banda do Brasil tem de lançar seu material?


JR: Na verdade já nem sabia mais se este álbum sairia algum dia (risos). Brincadeiras a parte, nunca esperamos que fosse acontecer isto. Tenho que dizer, mesmo após 2 anos do lançamento do Heroes ele ainda é muito bem falado e muito bem elogiado, não tivemos uma resenha negativa que fosse deste álbum. Todas enaltecem o trabalho da banda. Este disco não foi fácil, e tínhamos a pressão de superar o tempo passado, e justificar todos estes anos na geladeira. Mas no final fomos felizes e conseguimos fazer um excelente segundo disco, agora vem a pressão do terceiro superar 2 excelentes álbuns, pois o Defender é um álbum muito foda também, mas com o momento que a banda está passando teremos inspiração de sobra pra isso (risos).


Alquimia: Heroes of Tomorrow se destaca, além das excelentes músicas, pela produção acima da média. A banda teve participação na mixagem e masterização do disco ou deixou tudo à mão do produtor?


JR: A banda teve total participação na mixagem e masterização. O produtor teve sua parcela de culpa também, ele compôs a “Hellish Orchestra” da faixa título, fez algumas outras orquestrações na “Reasons”. Enfim ele também teve uma participação no que se tornou o álbum. Já que ele deixou sua marca, mas tudo com nossa aceitação. Ele estava lá para nos guiar como músicos e nos ajudar a obter o resultado que queríamos, pois toda banda precisa de alguém para dizer quando parar, senão fica difícil. Este é o papel do produtor. 


Alquimia: A banda ficou 7 anos, entre os dois discos que tem, sem lançar nada. Porque ocorreu essa demora entre os discos? E como a banda ficou esses anos sem trabalhar em estúdio?


JR: Isso ocorreu devido nossa antiga gravadora. Em 2000, nó assinamos um contrato de 5 anos com a Megahard Records. Devido a falta de responsabilidade administrativa, em 2003 a gravadora já não podia mais arcar com os custos de um novo álbum do Hellish War, pedimos pra sair amigavelmente, devido a este fato, mas não queriam nos liberar do contrato. Inclusive, já havíamos gravado o Heroes em 2003. Esta gravação a qual perdemos. Ficamos nesta briga até o vencimento do contrato em Dezembro de 2005. Quando venceu revogamos a renovação e finalmente iniciamos 2006 livres de obrigações contratuais, ai gravamos o álbum e o lançamos de forma independente no Brasil. Durante este tempo, a banda passou por maus bocados, pois estávamos muito desiludidos mas sempre tocando aqui e ali. Inclusive chegamos a tocar com o Shaman, Viper, U.D.O. e Saxon, entre 2002 e 2006.


Alquimia
: E como é o processos de composição da banda?


JR: Geralmente o Vulcano ou o Job aparecem com algo que escreveram, como um riff e a estrutura básica de uma musica, ai começamos a por nossas partes, como baixo e bateria nos ensaios até sair o que será a musica. Depois vamos as letras. No ultimo disco todos escreveram alguma coisa, seja em letras, arranjos, riffs. Mas nós não temos nenhuma regra a seguir. A música Metal Forever, por exemplo, saiu em 15 minutos num ensaio com todos nós juntos. E o que saiu naquele primeiro ensaio é basicamente a música que gravamos no Heroes. Já para o próximo disco vamos mudar um pouco a forma de compor, somente para agilizar, gravando pré-produções. Assim todos aprendemos as musicas mais rápido e perderemos menos tempo no estúdio, para podermos tocar o máximo possível.


Alquimia: Como foi a produção do primeiro disco? Com um primeiro contrato assinado, com a MegaHard, foi tudo bem nas gravações ou teve aquela pressão por mostrar um trabalho bem feito logo na estréia?


JR: Na verdade, foi bem tranquilo. Pois já havíamos lançado a demo “The Sign” em 1997. Então já sabíamos um pouco como o pessoal iria reagir. Tivemos também um excelente produtor, o Marcelo Sampa. Da gravação em si e da composição nem eu nem o Daniel Person participamos, mas pelo que eles falam foi uma farra das boas (risos).


Alquimia: Como vocês vêem o cenário nacional hoje? Vindos recentemente de uma turnê européia, podem citar as diferenças entre as duas realidades em relação a shows e produções no Heavy Metal? 


JR: Este é sempre um assunto delicado. Mas a diferença é gritante. O Brasil poderia muito bem se quisesse, se igualar a qualquer cena Metal mundial. Mas falta muita infra-estrutura e mais pessoas e fãs que acreditem nas bandas. Temos algumas das melhores bandas do mundo. A galera acha que toda banda européia é foda, toda banda americana é foda. Claro que temos bandas excelentes, no mundo inteiro. Vimos muita banda fraca na Europa, que se viesse pro Brasil todo mundo pagava pau, enquanto temos bandas aqui que dariam um pau em termos de qualidade e presença de palco e em composições, numa banda européia dessas, entende. Mas as vezes muitas bandas se perdem no Brasil, por falta de procura do público. Pela dimensão do nosso país, e pela quantidade de excelentes bandas que nós temos, tínhamos que ter exportado muito mais bandas. O lance é que faz mais de 20 anos que o Sepultura estourou lá fora, e a frase continua, do mundo para o Brasil e não do Brasil para o mundo, infelizmente ainda é assim. Vide Angra e Krisiun. Mudou e muito desde aquela época, sempre para melhor, mas ainda falta muito para ser o ideal.


Alquimia: Quais os planos da banda agora em 2010, além de lançar o disco ao vivo Live In Germany  e divulgá-lo? E um terceiro disco, já estão trabalhando?


JR: Bom agora vamos lançar o Live In Germany nos próximos meses. E mês de Março agora, vamos começar, ou melhor, continuar a composição do terceiro disco, pois já temos uma música pronta, que é um tema instrumental e temos tocado ela em nossos shows, inclusive na turnê européia, nos a tocamos em alguns shows também. Fora esta temos mais 3 sons em andamento e vamos continuar a compor no próximo mês. Até o fim de 2010 queremos ter o álbum pronto para gravá-lo e lançá-lo em 2010 ainda ou começo de 2011. Este disco será muito importante em nossa carreira, sabemos que temos a responsabilidade de escrever nossas melhores músicas de todos os tempos.

Alquimia
: O Alquimia Rock Club agradece a atenção e a entrevista dada e deixa o espaço final para a banda!


JR: Gostaria de agradecer a todos que tem nos apoiado no Brasil e no mundo. A toda mídia especializada que tem nos dado muita atenção. Somos gratos por isso, e só podemos agradecer através de música. Não deixem de acessar nosso myspace (www.myspace.com/warhellishwar) e nosso site (www.hellishwar.com.br). Valeu galera. Metal Still Burns!!!!


 

 

 

 

 

 


 

 


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Fabiano Cruz

Músico formado em composição e arranjo, atualmente expande seus estudos musicais na UNIS em licenciatura. Possui DRT em Jornalismo e Produtor Cultural e trabalha na área de criação musical, com já fez trabalhos em produções artísticas, rádio e TV.




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